Vinte anos após morte do parlamentar, homenagem é feita no Bosque dos Constituintes, em Brasília
O deputado Ulysses Guimarães ganhou uma nova homenagem, nesta quarta-feira, em Brasília. Um busto foi feito para relembrar o parlamentar morto há exatos 20 anos em um acidente aéreo.
Diversos políticos foram ao local, no Bosque dos Constituintes, nesta manhã. Entre eles estava um dos melhores amigos do homem que liderou a luta pelas Diretas Já e Constituinte, o senador Pedro Simon (PMDB)
Trajetória
"Navegar é preciso, viver não é preciso", dizia Ulysses Guimarães. O homem que esteve à frente da luta pela redemocratização do país e pela Constituição, nos anos 1980, amava fazer política e morreu, há 20 anos, sob forte respeito dos brasileiros. "Ele era o homem certo na hora certa", afirma a historiadora e professora da USP (Universidade de São Paulo) Maria Aparecida de Aquino. Segundo ela, o político empunhou bandeiras como poucos.
Paulista da cidade de Rio Claro, no interior do Estado de São Paulo, Guimarães sempre foi um visionário que não tinha medo do trabalho. Ele começou no meio político como deputado estadual em 1947. Anos mais tarde se tornou deputado federal.
Ditadura
Foi em 1964, quando o Brasil sofreu um golpe militar, que Ulysses ergueu as mangas na luta pela redemocratização. Primeiro com o partido oposicionista MDB (Movimento Democrático Brasileiro). "O MDB ingressa na via indireta para destruí-la como acesso ao poder, pois é cidadela do arbítrio e a fonte envenenada dos males que desesperam o povo", dizia o político que considerava o partido como um pão-de-ló: "quanto mais bate, mais ele cresce".
O político, então, encabeçou o movimento das Diretas Já. "Ele assumiu a liderança em um momento crucial, motivou as pessoas a irem às ruas para reivindicar", diz Maria Aparecida.
"Democracia é a vontade da lei, que é plural e igual para todos", dizia Ulysses em mais uma de suas célebres citações. A partir daí Ulysses deu espaço para Tancredo Neves, considerado uma verdadeira raposa na política, que parecia estar mais preparado para encarar a presidência do Brasil. De acordo com o diretor nacional de jornalismo da TV Bandeirantes, Fernando Mitre, enquanto Ulysses estava diretamente ligado ao movimento de protesto, Tancredo se movimentava rumo ao cargo mais importante do país.
Anos mais tarde, em 1989, Ulysses tentaria novamente ser presidente. Mas, embora o deputado tivesse sido o centro da conquista da Constituição um ano antes, ele não conseguiu conter a força de Fernando Collor de Mello.
Constituição de 1988
O homem das Diretas também foi o homem da Assembleia Constituinte. "Não é a Constituição perfeita, mas será útil, pioneira, desbravadora. Será luz, ainda que de lamparina, na noite dos desgraçados", dizia Guimarães. Maria Aparecida concorda que a Constituição tenha muitas falhas, mas também tem suas vantagens. "Há trechos em que ela é extremamente moderna", diz. Depois de mais uma conquista, porém, Ulysses entrou em depressão política e pessoal.
O político morreu em 12 de outubro de 1992, em um acidente de helicóptero nos mares do Rio de Janeiro. Com ele estava a esposa, Dona Mora, o ex-senador Severo Gomes e sua esposa, além do piloto. O único corpo que nunca foi encontrado foi o de Ulysses Guimarães.
"Voo livre como o vento. Cantando e transparente como a fonte. Desça. Vou para a planície. Vou morrer fardado, não de pijama", dizia o deputado.
Fonte: BAND Notícias
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