quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

Eliseu Padilha fala sobre as novas mídias sociais

Presidente nacional da Fundação, deputado Eliseu Padilha
Presidente nacional da Fundação, deputado Eliseu Padilha
Brasília (DF) - As manifestações populares que estão acontecendo em todo o mundo e, também, no Brasil têm mostrado a insatisfação da sociedade, que não se sente mais tão bem representada pelas atuais instituições. A população não se contenta mais em ser “representada” por uma relação unilateral, não dialogada, resultante de uma conexão única, que se dá apenas durante o processo eleitoral.

A sociedade está reinventando seus contratos sociais e sua forma de organização e interação. Desta forma, é necessário criar um espaço aberto, democrático e qualificado de relação dialógica com a sociedade e suas instituições, e principalmente com os indivíduos.

Para criar este espaço democrático e plural, a Fundação Ulysses Guimarães lançou nacionalmente o Projeto Conexões. É um espaço nas redes sociais para a valorização das questões que são relevantes para a sociedade. Além deste objetivo, a proposta é renovar as ideias e os ideais para que se promova o fortalecimento da democracia no Brasil.

Para falar sobre o Projeto e suas perspectivas, o Movimento entrevistou o presidente nacional da Fundação, deputado Eliseu Padilha (RS).

Boletim Movimento – A Fundação Ulysses Guimarães está percorrendo o Brasil com o Projeto Conexões. Em que consiste esse programa e qual a finalidade dele?

Eliseu Padilha – O Brasil e o mundo mudaram muito depois da internet. O comportamento da população do Brasil mudou e continua mudando. Hoje nós temos 80 milhões de brasileiros que, diariamente, acessam a internet e procuram se relacionar com outras pessoas. O que fez a internet? Democratizou o conhecimento, levou o homem do campo a ter o mesmo que o homem da cidade: a informação globalizada. Portanto, o que nós queremos com este projeto é fazer com que a Fundação, que é o braço da ideologia política do nosso Partido, dialogue com a sociedade em um mesmo nível. E esta é a grande virtude da internet e das chamadas redes sociais. Todos falam entre si, no mesmo nível. Não há mais alguém que fale de cima para baixo, como detentor do conhecimento, como detentor do poder. Hoje todos são iguais. A internet está efetivamente democratizando o conhecimento. 

Boletim Movimento – Qual o público-alvo deste projeto?

Eliseu Padilha - Qual é a missão da nossa Fundação? Nós queremos levar a toda a sociedade o debate sobre a formação da cidadania. E não há cidadania sem formação política. Então, na verdade, nós queremos preparar o cidadão para atuar na polis, na vida em sociedade, no seu bairro, no seu núcleo, na sua comunidade, na pequena cidade, na média cidade, na grande cidade. Nós queremos ajudar a sociedade a politizar-se, a exercitar a cidadania na plenitude. Essa questão de que apenas os políticos são os responsáveis por cuidar da vida em sociedade é coisa do passado. Essa é uma responsabilidade de todos. Todos têm a responsabilidade pela vida social.

Boletim Movimento – A Fundação tem como premissa a realização de estudos, o desenvolvimento de pesquisa aplicada, a doutrinação programática e a educação política para o exercício pleno da cidadania. Partindo dessa premissa, como a Fundação está organizando o PMDB para as eleições de 2014?

Eliseu Padilha - A Fundação Ulysses Guimarães tem a missão de preparar a sociedade, especialmente os partidários do PMDB, para conviver com esse novo momento social e político. Se nos voltarmos às manifestações que ocorreram no ano passado, nós veremos que todos os temas que apareceram nas ruas são temas políticos. Então, a sociedade quer participar. O que nós temos de fazer? Nós temos é de criar meios e fórmulas de a sociedade se fazer ouvir também dentro do nosso Partido, para nos auxiliar a sentir qual é realmente a sua aspiração. Os políticos vão ter de rever a fórmula de fazer política. Max Weber disse que “político é aquele que vive para a política, não aquele que vive da política”. Então nós queremos preparar um exército no Brasil inteiro a fim de que ele também viva para a política, independentemente se disputará ou não uma eleição ou de se almeja ou não um cargo público. A sociedade irá propor fórmulas, apresentar ideias de como fazer para que a vida em sociedade seja mais eficaz e mais feliz.

Boletim Movimento – Como a Fundação pretende preparar os quadros peemedebistas para disputarem as eleições?

Eliseu Padilha – A eleição de 2014 aqui no Brasil, na minha opinião, terá muito a ver com o que aconteceu na eleição de 2008 nos Estados Unidos. Esta será uma eleição que acontecerá fundamentalmente por intermédio dos meios de comunicação de massa e horizontalmente. O que estou querendo dizer com isso é que a eleição se dará essencialmente através das mídias sociais. Hoje, a Fundação tem cursos preparatórios para candidatos. Porém, com o auxílio das mídias sociais, nós queremos preparar ainda melhor não só os candidatos mas, principalmente, as pessoas que trabalham com os candidatos. Sejam elas cabos eleitorais, sejam elas assessores, queremos debater com as pessoas que vão efetivamente fazer política. O debate horizontalizado será, então, uma forma de debate permanente e se dará por meio de coletas de sugestões para que a política trate daquilo que é a aspiração da cidadania. Temos, enfim, de preparar os cidadãos e depois ouvir o que eles querem dizer sobre a política e sobre como deve ser o comportamento dos políticos.

Boletim Movimento – Quais as perspectivas da Fundação em relação ao PMDB?

Eliseu Padilha - O PMDB é o maior Partido do Brasil e, ao que tudo indica, continuaremos sendo grandes ainda por muito tempo. Mas isto não é o bastante. O PMDB precisa voltar a ser o que foi o velho MDB. Ser ele o escoadouro, o caudatário de todas as aspirações da sociedade. O PMDB tem de andar junto, andar ao lado da população, sentir suas aspirações. Para nós podermos continuar sendo o maior Partido do Brasil, é necessário ter a melhor representatividade. E isso não se faz só com discurso, mas sim com a ação dos quadros que foram sendo preparados para agir. Faz-se tanto por meio das ações que se desenrolam lá nos conselhos municipais quanto daquelas realizadas pela Presidência da República, cargo que o PMDB não pode abrir mão de disputar – pelo menos não nesta eleição de 2014, mas, certamente, já na eleição de 2018.

Boletim Movimento – Como se dá o trabalho conjunto entre Fundação, Partido e as bancadas na Câmara e no Senado?

Eliseu Padilha - Nós da Fundação estamos percorrendo o Brasil com a preparação dos nossos companheiros dos diretórios estaduais, dos nossos companheiros das Fundações estaduais, dos nossos companheiros deputados federais, deputados estaduais, prefeitos e vereadores. Nós estamos preparando, na base, o nosso partido, que é onde efetivamente acontece o trabalho no plano político. Além disso, para responder a esta pergunta, é preciso mais uma vez destacar que, apesar de haver mudado a forma de se fazer política, não há mais o discurso vertical: alguém que fala é o detentor da sabedoria e das soluções. O diálogo hoje é horizontal, todos são iguais, todos têm o direito de propor, todos têm o direito de criar soluções para os problemas da vida em sociedade. E aos políticos que disputam mandato, cabe incorporar esse sentimento e convertê-lo aos seus programas e às suas ações, esta é a efetiva aspiração da cidadania brasileira.

Foto por: Wendel Lopes/PMDB

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