Presidente nacional da Fundação, deputado Eliseu Padilha |
Brasília (DF) - As manifestações populares que estão acontecendo em
todo o mundo e, também, no Brasil têm mostrado a insatisfação da
sociedade, que não se sente mais tão bem representada pelas atuais
instituições. A população não se contenta mais em ser “representada” por
uma relação unilateral, não dialogada, resultante de uma conexão única,
que se dá apenas durante o processo eleitoral.
A sociedade está reinventando seus contratos sociais e sua forma de
organização e interação. Desta forma, é necessário criar um espaço
aberto, democrático e qualificado de relação dialógica com a sociedade e
suas instituições, e principalmente com os indivíduos.
Para criar este espaço democrático e plural, a Fundação Ulysses Guimarães lançou nacionalmente o Projeto Conexões.
É um espaço nas redes sociais para a valorização das questões que são
relevantes para a sociedade. Além deste objetivo, a proposta é renovar
as ideias e os ideais para que se promova o fortalecimento da democracia
no Brasil.
Para falar sobre o Projeto e suas perspectivas, o Movimento entrevistou o presidente nacional da Fundação, deputado Eliseu Padilha (RS).
Boletim Movimento – A Fundação Ulysses Guimarães está percorrendo o
Brasil com o Projeto Conexões. Em que consiste esse programa e qual a
finalidade dele?
Eliseu Padilha – O Brasil e o mundo mudaram muito depois da
internet. O comportamento da população do Brasil mudou e continua
mudando. Hoje nós temos 80 milhões de brasileiros que, diariamente,
acessam a internet e procuram se relacionar com outras pessoas. O que
fez a internet? Democratizou o conhecimento, levou o homem do campo a
ter o mesmo que o homem da cidade: a informação globalizada. Portanto, o
que nós queremos com este projeto é fazer com que a Fundação, que é o
braço da ideologia política do nosso Partido, dialogue com a sociedade
em um mesmo nível. E esta é a grande virtude da internet e das chamadas
redes sociais. Todos falam entre si, no mesmo nível. Não há mais alguém
que fale de cima para baixo, como detentor do conhecimento, como
detentor do poder. Hoje todos são iguais. A internet está efetivamente
democratizando o conhecimento.
Boletim Movimento – Qual o público-alvo deste projeto?
Eliseu Padilha - Qual é a missão da nossa Fundação? Nós
queremos levar a toda a sociedade o debate sobre a formação da
cidadania. E não há cidadania sem formação política. Então, na verdade,
nós queremos preparar o cidadão para atuar na polis, na vida em
sociedade, no seu bairro, no seu núcleo, na sua comunidade, na pequena
cidade, na média cidade, na grande cidade. Nós queremos ajudar a
sociedade a politizar-se, a exercitar a cidadania na plenitude. Essa
questão de que apenas os políticos são os responsáveis por cuidar da
vida em sociedade é coisa do passado. Essa é uma responsabilidade de
todos. Todos têm a responsabilidade pela vida social.
Boletim Movimento – A Fundação tem como premissa a realização de
estudos, o desenvolvimento de pesquisa aplicada, a doutrinação
programática e a educação política para o exercício pleno da cidadania.
Partindo dessa premissa, como a Fundação está organizando o PMDB para as
eleições de 2014?
Eliseu Padilha - A Fundação Ulysses Guimarães tem a missão de
preparar a sociedade, especialmente os partidários do PMDB, para
conviver com esse novo momento social e político. Se nos voltarmos às
manifestações que ocorreram no ano passado, nós veremos que todos os
temas que apareceram nas ruas são temas políticos. Então, a sociedade
quer participar. O que nós temos de fazer? Nós temos é de criar meios e
fórmulas de a sociedade se fazer ouvir também dentro do nosso Partido,
para nos auxiliar a sentir qual é realmente a sua aspiração. Os
políticos vão ter de rever a fórmula de fazer política. Max Weber disse
que “político é aquele que vive para a política, não aquele que vive da
política”. Então nós queremos preparar um exército no Brasil inteiro a
fim de que ele também viva para a política, independentemente se
disputará ou não uma eleição ou de se almeja ou não um cargo público. A
sociedade irá propor fórmulas, apresentar ideias de como fazer para que a
vida em sociedade seja mais eficaz e mais feliz.
Boletim Movimento – Como a Fundação pretende preparar os quadros peemedebistas para disputarem as eleições?
Eliseu Padilha – A eleição de 2014 aqui no Brasil, na minha
opinião, terá muito a ver com o que aconteceu na eleição de 2008 nos
Estados Unidos. Esta será uma eleição que acontecerá fundamentalmente
por intermédio dos meios de comunicação de massa e horizontalmente. O
que estou querendo dizer com isso é que a eleição se dará essencialmente
através das mídias sociais. Hoje, a Fundação tem cursos preparatórios
para candidatos. Porém, com o auxílio das mídias sociais, nós queremos
preparar ainda melhor não só os candidatos mas, principalmente, as
pessoas que trabalham com os candidatos. Sejam elas cabos eleitorais,
sejam elas assessores, queremos debater com as pessoas que vão
efetivamente fazer política. O debate horizontalizado será, então, uma
forma de debate permanente e se dará por meio de coletas de sugestões
para que a política trate daquilo que é a aspiração da cidadania. Temos,
enfim, de preparar os cidadãos e depois ouvir o que eles querem dizer
sobre a política e sobre como deve ser o comportamento dos políticos.
Boletim Movimento – Quais as perspectivas da Fundação em relação ao PMDB?
Eliseu Padilha - O PMDB é o maior Partido do Brasil e, ao que
tudo indica, continuaremos sendo grandes ainda por muito tempo. Mas isto
não é o bastante. O PMDB precisa voltar a ser o que foi o velho MDB.
Ser ele o escoadouro, o caudatário de todas as aspirações da sociedade. O
PMDB tem de andar junto, andar ao lado da população, sentir suas
aspirações. Para nós podermos continuar sendo o maior Partido do Brasil,
é necessário ter a melhor representatividade. E isso não se faz só com
discurso, mas sim com a ação dos quadros que foram sendo preparados para
agir. Faz-se tanto por meio das ações que se desenrolam lá nos
conselhos municipais quanto daquelas realizadas pela Presidência da
República, cargo que o PMDB não pode abrir mão de disputar – pelo menos
não nesta eleição de 2014, mas, certamente, já na eleição de 2018.
Boletim Movimento – Como se dá o trabalho conjunto entre Fundação, Partido e as bancadas na Câmara e no Senado?
Eliseu Padilha - Nós da Fundação estamos percorrendo o Brasil
com a preparação dos nossos companheiros dos diretórios estaduais, dos
nossos companheiros das Fundações estaduais, dos nossos companheiros
deputados federais, deputados estaduais, prefeitos e vereadores. Nós
estamos preparando, na base, o nosso partido, que é onde efetivamente
acontece o trabalho no plano político. Além disso, para responder a esta
pergunta, é preciso mais uma vez destacar que, apesar de haver mudado a
forma de se fazer política, não há mais o discurso vertical: alguém que
fala é o detentor da sabedoria e das soluções. O diálogo hoje é
horizontal, todos são iguais, todos têm o direito de propor, todos têm o
direito de criar soluções para os problemas da vida em sociedade. E aos
políticos que disputam mandato, cabe incorporar esse sentimento e
convertê-lo aos seus programas e às suas ações, esta é a efetiva
aspiração da cidadania brasileira.
Fonte: PMDB Nacional
Foto por: Wendel Lopes/PMDB
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