terça-feira, 19 de maio de 2015

Aviação na Amazônia: uma questão social

Por Eliseu Padilha

Tornar gente satisfeita é o nosso negócio. E a aviação civil tem importante papel social a desempenhar junto ao povo brasileiro. E, quando o assunto é o povo que vive na região da maior floresta tropical do mundo, a Amazônia, temos que utilizar a aviação como ferramenta de promoção de igualdade de direitos, como a saúde, a educação e a inclusão social.

Na Amazônia, onde deslocamentos são medidos por horas de voo ou dias de barco, a disponibilidade do meio de transporte pode significar viver ou morrer. Hoje, o transporte aquaviário é o jeito mais acessível – e quase exclusivo – para seus 25 milhões de habitantes. Lá está a maior bacia hidrográfica do mundo, com cerca de um quinto do volume total de água doce do planeta. São 40 mil quilômetros de rios com superfícies negras ou barrentas. É natural que as águas e os barcos comandem a vida, mas não que selem a sorte de quem necessita de transporte rápido. Está na hora do século 21 chegar à região com todas as suas possibilidades. A vida pede mudanças.

E, para transformar essa realidade e proporcionar alternativas ao cidadão na hora de decidir como se deslocar, o Governo Federal vai investir, nos próximos anos, R$ 2 bilhões na construção ou reforma de 80 aeroportos regionais, nos oito estados distribuídos pelos 5,2 milhões de quilômetros quadrados da Amazônia Legal. A modernidade chegou parcialmente na região e é por isso que pessoas como o professor Dalcides Santana, de 45 anos, sofrem quando precisam de serviços disponíveis apenas em cidades vizinhas. Dalcides é obrigado a enfrentar duas longas viagens de barco por mês para se tratar de um problema cardíaco em Belém. 

Acesso à internet e smartphone o educador tem – nos mandou sua foto por whatsapp –, mas, para conservar sua saúde, chega a gastar 17h viajando de barco. Ele tem duas opções para ir de Portel, onde mora, na Ilha de Marajó, até a capital paraense. A mais rápida vai de lancha até Breves, de lá toma outro barco até a capital e gasta 7h e R$ 135; pela demorada ele gasta 17h e, além dos R$ 135, mais R$ 90 pelo conforto de uma rede ou R$ 130 se escolher uma cama.

Em breve, Dalcides poderá viajar de Marajó a Belém em meia hora, confortavelmente, pagando menos do que hoje gasta para viajar de barco. Nosso Programa de Desenvolvimento da Aviação Regional prevê a construção de um aeroporto na Ilha de Marajó. Além disso, as passagens para voos regionais, atualmente 31% mais caras por quilômetro do que voos entre capitais, serão, em grande parte, subsidiadas pelo governo federal.

O terminal de Marajó está entre os 80 aeroportos que vão receber investimentos na Amazônia Legal. Foram escolhidos estrategicamente por meio de estudos socioeconômicos. O programa pretende deixar 96% da população brasileira próximos  de um terminal. As primeiras licitações devem ser lançadas no segundo semestre deste ano. Do total, nove serão construídos do zero. São eles: Codajás (AM), Jutaí (AM), Maraã (AM), Uarini (AM), Cametá (PA), Ilha de Marajó (PA), Bonfim (RR), Rorainópolis (RR) e Mateiros (TO).

Caros Dalcides e demais moradores que cuidam de uma das nossas maiores riquezas, a Floresta Amazônica: estamos com os olhos e ações voltados para vocês. A aviação regular vai chegar aí estruturada e moderna. E aonde ela chega, opera milagres. Foi assim quando contribuiu para aumentar o número de transplantes de órgãos realizados no país. O acordo de cooperação técnica assinado em dezembro 2013 entre Secretaria de Aviação Civil, Ministério da Saúde, companhias e agentes do setor aéreo, para agilizar o embarque do material que se perde caso não seja transportado rapidamente, aumentou em 18% o número de órgãos transplantados já nos primeiros meses de 2014.

Portanto, bravo povo do Norte do Brasil, em breve as distâncias serão encurtadas, oportunidades serão geradas e suas vidas terão maiores garantias e serão melhoradas. O Governo Federal está desenvolvendo seu Projeto de Aeroportos Regionais para garantir a Aviação Civil com regularidade e qualidade para toda a Amazônia Legal.


Fonte Revista 29 horas - www.29horas.com.br

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