O PMDB gaúcho realiza no dia 15 de dezembro a convenção estadual que irá decidir quem será o novo presidente da sigla no Rio Grande do Sul. Até o momento, dois nomes já assumem publicamente suas candidaturas: o deputado estadual Edson Brum e o deputado federal Alceu Moreira.
As movimentações indicam que haverá disputa entre duas chapas encabeçadas pelos parlamentares. Embora os dirigentes de diferentes alas do PMDB defendam que a disputa interna é importante, ainda há receio de que o partido reviva a tensão que predominou em 2010, quando o senador Pedro Simon deixou a presidência da sigla após uma eleição onde José Fogaça e Germano Rigotto foram derrotados em suas tentativas de chegar ao Palácio Piratini e ao Senado.
Na ocasião, o inesperado vácuo deixado pela liderança histórica de Pedro Simon abriu um racha no partido. O deputado estadual Marco Alba – atualmente, prefeito eleito de Gravataí – resolveu concorrer e sua chapa conseguiu boa parte das posições no diretório.
Diante do impasse na definição de um nome consensual para presidir o PMDB, o ex-deputado Ibsen Pinheiro surgiu como alguém capaz de apaziguar os ânimos e fazer um trabalho que os peemedebistas qualificam como “gestão de transição”. Agora, dois anos depois, o partido se prepara para uma nova disputa interna. No horizonte próximo, o que está em jogo é a eleição de 2014 para o governo do estado.
“O consenso é prejudicial”, diz Eliseu Padilha
Influente cacique do PMDB gaúcho e nacional, o deputado federal Eliseu Padilha acredita que o melhor cenário possível para o partido no Rio Grande do Sul é a disputa interna. “O consenso é prejudicial e não deve ocorrer. O PMDB precisa de disputa e eleição. Partido que nega a eleição interna nega o seu motivo de existir”, entende.
Para o parlamentar, o PMDB precisa consolidar sua presença nas comunidades, dentro dos municípios. “É preciso estabelecer um sistema de ramificação nos bairros. O partido tem que voltar a ter relação direta com a base”, opina.
Amigo pessoal do vice-presidente da República Michel Temer – a quem chama apenas de “Michel” –, Padilha já foi consultado por lideranças do PMDB gaúcho. “Já vieram me procurar para falar sobre a eleição quatro atores importantes: Germano Rigotto, Alceu Moreira, Edson Brum e Marco Alba”, comenta.
Entretanto, o deputado evita abrir apoio a qualquer um desses nomes. “Quero olhar mais um pouco o que efetivamente irá propor cada uma das chapas e então dar o passo seguinte”, avisa.
Dentre todos os nomes citados por Eliseu Padilha, o que tem mais peso político para disputar a presidência do PMDB gaúcho é o ex-governador Germano Rigotto. Mas ele já estaria deixando claro que não quer partir para o embate interno e que só aceitaria a função se houvesse consenso em torno da sua candidatura.
Eliseu Padilha projeta que o ex-governador seria o nome capaz de atingir a unanimidade do partido. “O Rigotto está se movimentando e é o que tem mais permeabilidade para uma composição consensual. Mas tenho procurado mostrar que o consenso não é o caminho”, considera.
Rigotto já conversou também com os dois candidatos publicamente declarados – Alceu Moreira e Edson Brum – e tem dito em sua página no Twitter que está “pronto para contribuir com o partido”. Nos bastidores, o ex-governador está fardado para disputar o Palácio Piratini ou o Senado em 2014.
“Sou homem de partido e não tenho medo de disputa”, avisa Edson Brum
O deputado estadual Edson Brum tem feito reuniões com as principais lideranças do PMDB gaúcho para azeitar sua candidatura à presidência da sigla neste ano. Ele avisa que irá oficializar seu nome como candidato na próxima semana.
“Tenho feito sondagens, visitas e reuniões. Devo anunciar minha candidatura – caso ela se confirme – no início da semana que vem. Precisamos de renovação e valorização das bases com presença, não apenas com discurso”, propõe.
O deputado assegura que só abandonará sua candidatura caso Germano Rigotto ou o prefeito de Caxias do Sul, José Ivo Sartori, venham a concorrer. “Sou homem de partido, não tenho medo de disputa. Só deixarei de concorrer se for contra Sartori ou Rigotto, para que os dois fiquem na vitrine em função da eleição majoritária de 2014”, informa.
Uma das propostas de Edson Brum, caso venha a ser o novo presidente do PMDB gaúcho, é que o partido defina seu candidato ao Palácio Piratini ainda no primeiro semestre de 2013. O deputado é simpático a uma ideia propagada pela ala do ministro da Agricultura, Mendes Ribeiro Filho. “O pessoal do Mendes defende que se realize uma prévia para a escolha do candidato ao governo do estado. Assim, quem for derrotado ficaria com a vaga pelo Senado”, comenta.
Na disputa pelo Senado, além de Germano Rigotto, está também o nome de Ibsen Pinheiro, que já confirmou publicamente a intenção de concorrer pelo partido.
“A disputa interna é vital”, entende Alceu Moreira
O deputado federal Alceu Moreira tem feito uma série de viagens pelo interior do estado, estabelecendo contato com as bases para fortificar sua candidatura à presidência do PMDB gaúcho. O parlamentar diz que já conta com o apoio dos colegas Osmar Terra e Darcísio Perondi.
A principal proposta de Moreira é a realização de um amplo debate entre os filiados para a formulação de alternativas aos gargalos do Rio Grande do Sul. “Um partido com o tamanho do PMDB precisa se apresentar com propostas que solucionem a vida das pessoas. É preciso fazer um debate para resolver os gargalos do estado”, sugere. O deputado cita a compensação de exportações, a partilha dos royalties de petróleo e os juros da dívida com a União como grandes problemas a serem enfrentados.
Alceu Moreira assegura que é bastante próximo de Edson Brum, mas diz que não teme a possibilidade de um confronto entre os dois pela presidência do PMDB. “A disputa interna é vital. Todo filiado tem condições de concorrer. Edson é um irmão para mim, mas isso não afasta a possibilidade de concorrermos ou de conversarmos e chegarmos a algum acordo”, antecipa.
O deputado informa que já conversou com o ex-governador Germano Rigotto e que ele não será candidato à presidência do partido. “Ele não é candidato na disputa interna em hipótese alguma. O que ele me disse é que quer acompanhar o debate sobre esse discurso que pretendemos construir”, assegura.
Samir Oliveira
Fonte: SUL21
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